Para algumas coisas existe a morte.
Para todas as outras coisas: memória.
Quando escrever não basta
viver é uma aventura ao abrigo das palavras.
A geografia de Faetonte
estudo do solo que renova o dia
é descobrimentos do Universo em gomos.
Descobri que neste chão
está plantado o amparo à miséria humana.
No quintal desta galáxia
nasceram as laranjas.
Acidez simples
de folhas bem cortadas
é de onde vejo o sorriso cítrico de Deus
semeando este quintal.
Afofou a terra
lapidou o terreno
e as laranjas
gotejaram aos homens
o signo da coragem para toda bem-aventurança.
Levantou o olhar triste dos homens
para o amanhecer de mundos.
Emissária das línguas do Céu
és tu vozinha
dona das mãos que arrancaram o rancor
transcendendo em candelabro de amor
ao peito dos filhos desta terra.
Da reinação do teu sorriso
abre-se em valentia e ternura:
E se todas as coisas do mundo
não fossem feitas para lhe dar medo?
As laranjas do quintal da Vó são a travessia
o medo é mar.
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