quarta-feira, 26 de março de 2014

85/95


" Para se aposentar, no caso da trabalhadora, ela precisa somar 85 anos entre idade e trabalho, o trabalhador 95".


É o médico. É a perícia.
Consolo do estado
agressivo. Cão pastor e antítese do juramento.
Profissional de fúria e serpente da ordem.

De parecer médico que devora
vinga o patrão-estado
de "preguiçosos".
Galopa em inocentes com pólvora na língua.

É o médico. É a perícia. Uma vida (?).
Ele morde, é áspero. Enche o patrão-estado de orgulho.
( Não existe doença se é o trabalho que adoece.)
A veia do pescoço salta. É a humanidade em garras do arcanjo da tirania.

É o médico. É o abono do final do mês.
Ele recebeu ordens.
Saboreia como um guloso em um banquete
a satisfação de cumpri-las.

É perícia. O trabalho, o médico
estupram a vida
do trabalhado cansado.
É crime aposentadoria, ser bem tratado?

O trabalho não muda.
Mas, novos remédios
são aprovados cientificamente
em congressos médicos no Caribe.

A saúde é verbo clandestino.

A professora, e sua altura da Educação dos Homens
não exigia nada além da recompensa do tempo.
Entretanto, para o médico, doença e aposentadoria: frescura.
Basta voltar ao trabalho.

Espreme o médico a caixa da produtividade.
Ele é duro como um abraço vazio
e desfila seu orgulho presunçoso
entre soldados, burocratas e urubus.

Defende o médico-perito ( médico!)
uma pátria em trevas
da espessura do CID e DSM
prontos para castigar em nome da cura.

É o trabalho. É o médico.
É o infarto dele.
Morreu.
Morreu da perpétua essência da arrogância.

A professora ainda brilha
no caminho daqueles que fez luz e sonho.
No território da memória
heróis não se aposentam oficialmente.

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