quarta-feira, 14 de março de 2012

O MURMÚRIO DO ASFALTO EM 4 CENAS

Foto: Fernanda Fernandes


[cena 1]
Busquei o abrigo da solidão em indagações cotidianas.
Encontrei ferido o peito de quem sofre,
( e enquanto corria)
 resignado à dor
contava os passos enquanto sorria.


[cena2]
Outro pensava alto
mas seu pensar  desligado
encontrou no mormaço
a história que não lhe cabia.

[cena3]
Continuei
soprei nuvens frágeis
como um diálogo entre a Terra e o Céu
e o perfume constante do acaso
afogou em pedaços
O mar vazio cruel.

[cena4]
Interrompeu a leitura
vidas e glórias
por um pensamento barato
que não conhecia.
Pensou no amor
pesou a saudade
e a felicidade
(bem querer em forma de açoite)
 fez-se girassol
no plano de cada noite.

Inspiração
inequívoca inspiração!
Saber ver o tempo
não é viver as horas.
E na rogativa ao alto
terreno plano que conhecia
encontrou na cama
abraço inerte de quem clama
enfim,
tudo aquilo que merecia.

Um comentário:

  1. Cara, belo poema, como sempre... Vou ver se adquiro o hábito de acompanhá-lo. Porque, neste asfalto eterno que é nossa vida alienada, estes teus poemas caem como uma flor!

    Vou levar os versos "Saber ver o tempo / não é viver as horas." pra mim hoje, depois podemos conversar sobre eles...

    E um abraço pra ti.

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