quinta-feira, 8 de março de 2012

Foto: Diogo R. Gonçalves


Da realidade enquanto tempo
do fim enquanto recomeço
da certeza como fuga.

Crio realidades para fugir do cotidiano.
Versos comprometidos com a falta de ilusão
fantasia clandestina do tempo
desgaste natural das horas...

Que não seja mais uma folha que caia
mas o mundo em desmoronamento
e que não seja qualquer tropeço piada,
já foi o tempo em que a risada
era o trunfo da solidão.

E o tempo como arte
afunda o caos mediano
devastando
roendo em partes
as brechas
as portas
o corpo todo
do monstro alado
suspiro indiferente
da saudade que inspira compaixão.

Nos trilhos
nas linhas
das ruas
apenas repetição.

No trânsito de apelos
sinceros ou não
(Quem sou eu para falar dos seus?)
me volto
viro e vejo:
café com gosto de saudade
bom dia com gosto de beijo.


Para conhecer mais do fotógrafo Diogo Gonçalves, recomendo o acesso ao http://www.flickr.com/photos/diogolhh/



2 comentários:

  1. Thiago,

    Cada vez que pulava para um verso novo, conseguia visualizar imagens. De imagem para imagem, a cor que pintei sua poesia de hoje foi essa: cinza. Foi o tom que dei à leitura e ao que senti. Foi como caminhar pela cidade observando o cotidiano que já se libertou de surpresas e que, ao final, traz em seus cheiros e gostos lembranças do que ainda não se perdeu.

    Sei que não se deve tentar decifrar o que o poema diz, mas quis tentar decifrar o que ele guardou em mim.

    Em resumo: belo. Assim como tudo quanto tenho lido de você.

    Um beijo.

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