quinta-feira, 20 de março de 2014

Uma ode para a laranja do quintal da Vó

Para algumas coisas existe a morte. 
Para todas as outras coisas: memória. 


Quando escrever não basta
viver é uma aventura ao abrigo das palavras.

A geografia de Faetonte
 estudo do solo que renova o dia
é descobrimentos do Universo em gomos.

Descobri que neste chão
está plantado o amparo à miséria humana.
No quintal desta galáxia
nasceram as laranjas.

Acidez simples
de folhas bem cortadas
é de onde vejo o sorriso cítrico de Deus
semeando este quintal.

Afofou a terra
lapidou o terreno
e as laranjas
gotejaram aos homens
o signo da coragem para toda bem-aventurança.

Levantou o olhar triste dos homens
para o amanhecer de mundos.

Emissária das línguas do Céu
és tu vozinha 
dona das mãos que arrancaram o rancor 
transcendendo em candelabro de amor
 ao peito dos filhos desta terra.

Da reinação do teu sorriso
abre-se em valentia e ternura:
E se todas as coisas do mundo
não fossem feitas para lhe dar medo?

As laranjas do quintal da Vó são a travessia
o medo é mar. 

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