Todos caíam.
Preferiram a queda
a viver de olhos fechados.
Foi tudo muito rápido
não houve silêncio
para buscar memórias.
As feridas já nasceram prontas.
Doíam
porque a humildade nos rasga
até cicatrizar a sombra.
Ainda quis saber
em que parte do invisível
elas estavam sendo gestadas.
E como ficam as feridas
e os escombros
se embaixo da avenida
não há arco-íris.
Alguns diziam: " foi melhor assim".
Mas a dor
antes de florescer
não muda de lugar tão cedo.
Vieram
como abelhas
procurando ideias doces.
Trouxeram a pontualidade de uma mentira
para recompor a tristeza.
Sobreviver
não depende de princípios básicos que aprendemos na escola.
A sobrevivência é a herança do vazio
que abre portas
enterra medos
propaga o amor de mãe
em toda tempestade.
Basta estender as mãos.
Das partes de uma história
deixada para trás
a tristeza é como um dia simples
que ninguém colocou lá.
Ela está
perdida
em algum lugar do ontem
ferindo os pensamentos que não saem do lugar.
A tristeza deixa suas marcas
como um gigante
que sai de um mar sereno
para criar ondas.
* * *
Como uma voz alta
o dia amanheceu sem parar.
E todas as certezas que tive com medo
foram apenas ideias antes de dormir.
A tristeza foi embora
porque tinha um nome.
O gigante explodiu.
Seus restos viraram uma grande cidade ao Norte.
O que antes era vazio
passou a ter a densidade do tempo presente
e um recado para meu futuro:
as abelhas deixaram as ondas
a tristeza um barco
e em breve
aprenderei a navegar.
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