quarta-feira, 4 de junho de 2014

Poema 6


Escrevo
porque invento memórias.
Não se recupera a felicidade
pelo pensamento.

Andemos todos devagar
e sem pressa.
É com o andar simples do carteiro
que a paz encontra o número certo
o lar de cada casa. 

Antes que cada folha caia
um universo já nasceu
e no movimento da queda
o solo espera.

Não condene as horas e os passos.
Quando nascemos
ninguém disse que a desvantagem dos homens
seriam os relógios
tampouco
os ponteiros sabem disso.

Vivemos dando nome e mentira às coisas:
não há maldade no mundo
não há um coração que sofre
não há TDHA nas crianças.

Simplesmente
alguns precisam da mentira porque a vida é boa demais.

A vida é o sorriso secreto de cada coisa.

O tempo da espera não é um tempo preso
como uma fila de banco.
A espera genuína 
são os pés aprendendo a voar.

Por isso nas cidades
as pessoas tem tanto medo de altura. 

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