Para meus pais, Alfeu e Emília, na justiça de conhecer o
reflexo de Deus através do Amor de vocês.
Nasci das bocas que viajam à Terra 
com uma missão: 
tornar a vida conselheira liberta 
dos aprendizes 
que devem à Vida
pele e gratidão 
a abnegação e o Próprio.
Vive este coração 
e como é gordo este coração!
Incerto na certeza 
da cadência das palavras 
erro ambicioso da definição.
Bate este coração 
e como escuta este coração! 
Nascido da língua que nos aproxima dos anjos
renascido  com o amor
que deixou de ser palavra 
virou ação 
cresceu 
assim como cada noite mal dormida 
como a distinção do choro agudo 
ou o choro da cólica 
ou o choro da fome. 
O amor que ainda não existia
(namoro de hot dog, pipoca e portão) 
nasceu e virou Amor. 
Bate este coração
e como vive este coração! 
Com o Amor retornando aos braços 
virou conforto do mundo 
coral de simpatia roxa 
magia de natas e algodões.
O Amor respirou, precisou de colo
nasceu com a preocupação do nariz que respira baixinho
seguiu alimentando este coração
vento que penteia nuvens
em baile de misericórdias. 
Vive este coração
e como erra este coração! 
O Amor virou falta de dinheiro e carro quebrado na estrada
o Amor foi boletim e nota vermelha 
passeou pela reunião de pais 
pelos bilhetes 
pelas febres 
pela caxumba. 
O Amor foi puxão de orelha e palmada
bola de presente no quintal furada
foi o entendimento de sentir como é aberto o portão da
garagem
como é esparramado o peso no sofá
como são os passos ao entrar em casa.
O Amor foi delegacia
muro pichado na esquina.
O Amor é o "pelo sinal" para começar o dia
(sentir a capital das palavras beijando meu rosto) 
a compreensão dos amigos imaginários
o peso da simplicidade para a compreensão da divindade
própria.
Bate este coração
e como é valsa este coração! 
Nos raios de toda imensidão
vivendo na curva do Sol
o que não cabe na terra.
o Amor é cidade nova
que cadencia as metamorfoses humanas
é revolução silenciosa
é essência em êxtase
é o remédio para o cotidiano
e a morte do incompreendido.
O Amor é soja refogada com curry
arroz queimado no fundo da panela.
É filho aquele cujos pais deixam seguir os próprios caminhos
(quantos tendo pais não são filhos?)
em uma estrada que leva à esperança e a subversão.
O Amor é fruto do que sou:
semente de sonhos que eu era na alma de vocês.