Será que amanheço no banco do verão
ou verso à crueldade
do entendimento desta?
A noite na cidade é um planetário de madeira:
descontino o vento
e
vejo carros gelados
eufóricos
lançando vinagre à atmosfera.
Após o arranque de mais uma plataforma
onde os homens amam mais o pavor à dor
leio a filosofia urbana
marginalizada nas calçadas:
"A tônica de toda revolução é a metamorfose."
Poderia falar sobre a coragem
mas a coragem é a metamorfose do medo
e
o medo é uma paisagem bela
vista de longe.
Ainda tenho uma opção
toda nuvem bem plantada
dá boas águas
e
lava o salgado do rio que corre
pulverizando sorrisos
tão imperfeitos
(perfeitos)
como o sobrenatural das horas.
Na estante
( agora em casa)
o livro calado
é a história que eu fizer dele
e
o relógio sem demora
é
o que me inspira:
Sou eu quem crio o tempo agora
acordei no pântano dos lençóis
como quem diz bom dia
aos colegas do primeiro dia de trabalho
para viver
como quem diz bom dia
aos amigos da vida.
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