domingo, 8 de junho de 2014

A precisão de Maio



Pedi uma noite simples
com alguns traços de poesia.

Era Maio,
o mês que todos os santos estão no céu.

Fiz uma fogueira simples
e enquanto a madeira estalava
escrevia meu lamento:
"Como é difícil escrever em mundos mudos".

A única forma de sofrimento é estar parado.
Por isso
caminhei
e fui buscar
a letra que estava em paz no papel.

Do trabalho permitido no Alasca
o gelo conserva
e nutre
sem desigualdades.

Caminhei ao fundo da terra
e sentia sede.
O cantil
a taça de vinho
o silêncio das palavras que trabalham a noite
mostram aos inocentes a esperança
o aroma do mundo para a longevidade.

A tábua que andamos
com equilíbrio pelo vento gelado.
Meus pés são a salvação daqueles versos longos:
Meus pés cabem tantos caminhos!

Continuava a caminhar
e a reciclar meteoros
que são luzes nascentes
buscando paradas.

Já não pensava mais nos egoístas
que são pedras dormente.
Estes que se afundem com seus ódios!
Penso naqueles que estão sozinhos
e os egoístas não deixam voar.

Eles vieram de longe
querem uma classe de privilégios.

Os egoístas me consomem
eu não sei o motivo.
Eles são tiranos da liberdade
pólvora e metal da bala
a sombra dos famintos nas ruas.

Os egoístas falam por todas as coisas.
Eles se ofendem quando o povo sai da desgraça!
A multidão dos egoístas anda armada
tem braços e cães raivosos.
Eles se reúnem em jantares
brindam com o sangue dos trabalhadores
e malditos
eles cantam:
"nunca um homem pode ter
o que nunca teve".

Malditos e coléricos
são julgados na França e Suiça
malditos e coléricos
eles votam
eles voltam.

Era uma manhã simples
despovoada.
Era a precisão de Junho
mostrando que enquanto tomba um homem
a poesia resiste.

Em Maio
todos os santos
e os trabalhadores
estão no céu.



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