sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Toda

A noite anterior

foi como a mudança das marés:

delicada, densa e ousada

canção do pensamento que cria.
Meu verbo puro?

Lua

onde


ar

conjugo.


Assim começou a semana

 com o tempo quente

prevendo mais do que calor:

simplicidade

como o  aroma amadeirado

dos pinhões na sala

coletando estrelas em cada sorriso.

Ante o que se cala

o acorde perfeito tilinta

da sua alma.

Todas as Luas em uma só passagem

clarão dos beijos que rejuvenescem pétalas

colorido no deserto que não é miragem.

O que traduz o vento

É a naturalidade de o seu respirar  simples

explodindo como uvas na boca.
Nesta hora

o rosto

castiga as palavras

porque o que é puro

não se traduz com palavras:

a simplicidade é a razão dos nobres.
E no mistério que cerca a vida

no pecado que me exclui dos homens

e das profecias

falei demais e me perdi

senti pouco

ou

quase nada.

Fiz confusão com quem não tinha direito

blasfemei aqueles que sorriram por mim.
Tentei chorar
mas o pecador
se renova em seu pecado
e o que lhe resta
é a morte
para renascer em si.
Libertei da prisão

alguns gorilas

serpentes

tigres

todos os felinos

muitas feras

e
um dragão.

Era o fim!



Antes de ser devorado

estraçalhado por cada um deles

pediram-me  para escolher um.

Cada qual tinha seu relato a me contar.

Foi quando ouvi o dragão

que saiu das entranhas do meu peito

e este monstro

de olhos de romãs flamejantes

disse que compreendia o eco da minha vida esquecida.

Salientou que o inferno é um lugar tão belo quanto o paraíso:

o último é a soleira de toda mistificação

e

o outro

um lugar que guardamos nossas coisas

e não voltamos para buscar.
Nestas horas

prevendo a morte

senti o acolhimento de um abraço familiar

e

o monstro

de corpo de palha enrijecido

agora

tinha o timbre exato de uma laranjeira, com ramos abertos

 de suas narinas

o aroma das manhãs.

Antes de ir

talvez

 entendendo minha vaidade

finalizou sua aparição

 com um toque de doçura:

"Ah!

 se pudesse olhar o mundo

 com as lentes vastas

do  arquipélago do simples

simples!

 Coisas bonitas e boas

que  não cabem no bolso

e não pedem  explicações

elas são porque são

e se renovam neste misticismo

porque não tem respostas

tem inocência."
Viver é o melhor que eu posso dizer

Caeiro poderia fazer  melhor

mas ele não descobriu o que eu senti

ele me abandonou! 

Caeiro!

Onde estavas quando eu mais precisei de ti?

Deus não me abandonou

e a minha ciência

com provas

agulhou-me até consumir as  carnes
 e ferir os ossos.

 
Devolvido à Vida

fraco

evaporado

e

de joelhos

mas

convicto de mim

com egoísmo

( e com vida)

compreendi que as coisas foram feitas para durar pela eternidade.

Seja em sua essência

seja em sua memória

os pedaços, os capítulos

são o sorriso de todo afeto

do todo

do sempre.

2 comentários:

  1. Havia (ou ainda há, não sei) uma série de livros cujo título era\é uma referência à Isaac Asimov. Em uma das ficções certa raça alienígena eio à Terra, não para dominar, mas para morar. Para eles nada era mais importante que a música. Para os humanos que os ouviam ficavam como que drogados ao ponto de se viciar. Infelizmente quem se viciava ficava surdo e às mulheres clonavam a si mesmas. A estória era narrada por um garoto cuja mãe foi uma dessas viciadas. Era também irmão de uma dessas crianças. Mas o que quero dizer é que essa menina, não as demais, essa era completamente silenciosa. Só atenta, ouvindo tudo. Quando os alienígenas descobriram ficam encantados. Porque eles entenderam que o silêncio dela não era por incapacidade, mas sim por ter alcançado a perfeição musical. Assim me sinto quando leio Thiago Domingues. Nada tenho a falar. Lendo-o alcanço a perfeição literária. Parece exagero ou puxação de saco, mas não. É como me sinto.

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  2. Maravilha...

    Muito bom andar pela blogosfera e encontrar espaços como esse, de extremo talento e arte.

    Parabéns.

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