A noite anterior
foi como a mudança das
marés:
delicada, densa e
ousada
canção do pensamento
que cria.
Meu verbo puro?
Lua
onde
há
ar
conjugo.
Assim começou a semana
com o tempo quente
prevendo mais do que
calor:
simplicidade
como o aroma amadeirado
dos pinhões na sala
coletando estrelas em
cada sorriso.
Ante o que se cala
o acorde perfeito
tilinta
da sua alma.
Todas as Luas em uma só
passagem
clarão dos beijos que
rejuvenescem pétalas
colorido no deserto que
não é miragem.
O que traduz o vento
É a naturalidade de o
seu respirar simples
explodindo como uvas na
boca.
Nesta hora
o rosto
castiga as palavras
porque o que é puro
não se traduz com
palavras:
a simplicidade é a
razão dos nobres.
E no mistério que cerca
a vida
no pecado que me exclui
dos homens
e das profecias
falei demais e me perdi
senti pouco
ou
quase nada.
Fiz confusão com quem
não tinha direito
blasfemei aqueles que sorriram por mim.
Tentei chorar
mas o pecador
se renova em seu pecado
e o que lhe resta
é a morte
para renascer em si.
Libertei da prisão
alguns gorilas
serpentes
tigres
todos os felinos
muitas feras
e
um dragão.
Era o fim!
Antes de ser devorado
estraçalhado por cada
um deles
pediram-me para escolher um.
Cada qual tinha seu
relato a me contar.
Foi quando ouvi o dragão
que saiu das entranhas
do meu peito
e este monstro
de olhos de romãs flamejantes
disse que compreendia o
eco da minha vida esquecida.
Salientou que o
inferno é um lugar tão belo quanto o paraíso:
o último é a soleira de toda
mistificação
e
o outro
um lugar que guardamos
nossas coisas
e não voltamos para
buscar.
Nestas horas
prevendo a morte
senti o acolhimento de
um abraço familiar
e
o monstro
de corpo de palha
enrijecido
agora
tinha o timbre exato de
uma laranjeira, com ramos abertos
de suas narinas
o aroma das manhãs.
Antes de ir
talvez
entendendo minha vaidade
finalizou sua aparição
com um toque de doçura:
"Ah!
se pudesse olhar o mundo
com as lentes vastas
do arquipélago do simples
simples!
Coisas bonitas e boas
que não cabem no bolso
e não pedem explicações
elas são porque são
e se renovam neste misticismo
porque não tem
respostas
tem inocência."
Viver é o melhor que eu
posso dizer
Caeiro poderia fazer melhor
mas ele não descobriu o
que eu senti
ele me abandonou!
Caeiro!
Onde estavas quando eu
mais precisei de ti?
Deus não me abandonou
e a minha ciência
com provas
agulhou-me até consumir as
carnes
e ferir os ossos.
Devolvido à Vida
fraco
evaporado
e
de joelhos
mas
convicto de mim
com egoísmo
( e com vida)
compreendi que as
coisas foram feitas para durar pela eternidade.
Seja em sua essência
seja em sua memória
os pedaços, os
capítulos
são o sorriso de todo
afeto
do todo
do sempre.
Havia (ou ainda há, não sei) uma série de livros cujo título era\é uma referência à Isaac Asimov. Em uma das ficções certa raça alienígena eio à Terra, não para dominar, mas para morar. Para eles nada era mais importante que a música. Para os humanos que os ouviam ficavam como que drogados ao ponto de se viciar. Infelizmente quem se viciava ficava surdo e às mulheres clonavam a si mesmas. A estória era narrada por um garoto cuja mãe foi uma dessas viciadas. Era também irmão de uma dessas crianças. Mas o que quero dizer é que essa menina, não as demais, essa era completamente silenciosa. Só atenta, ouvindo tudo. Quando os alienígenas descobriram ficam encantados. Porque eles entenderam que o silêncio dela não era por incapacidade, mas sim por ter alcançado a perfeição musical. Assim me sinto quando leio Thiago Domingues. Nada tenho a falar. Lendo-o alcanço a perfeição literária. Parece exagero ou puxação de saco, mas não. É como me sinto.
ResponderExcluirMaravilha...
ResponderExcluirMuito bom andar pela blogosfera e encontrar espaços como esse, de extremo talento e arte.
Parabéns.