segunda-feira, 7 de julho de 2014

Poema para navegar na chuva


Descobri as iniciais de Deus
enquanto amanhecia em sua boca.
O Sol desceu
como uma água rósea
que não afoga. Encoraja navegantes.

Em todo frio das estações
a alegria de uma gaita
a posse das bocas.
O trovão dos seus passos, amada
destino que aquece sem dor.

Depois das semanas
corri por toda paciência
que atravessa a terra sob nossos pés:
a direção da vida que tenho.

Como um sábio
que lê calmamente seus Salmos
e a vida de Daniel e Salomão
o que sabem eles?
Eles chegaram primeiro
e hoje sentamos todos para ouvir a razão que falta aos homens
a decoração do tempo enquanto luz fraca
perdidos e ingratos na noite.

Ingratos são aqueles que não sabem onde pisam
ingratos os que não procuram a beleza
no instante exato em que os lábios se tocam:
memórias da consciência universal.

Santo Deus!
Há tanto brilho
no fino destes olhos.
Há tanto amor avançando
surpreendendo a noite
como uma coruja trazendo a lua
na ponta de suas asas.

Quando vocês sorri
as estrelas maduras caem
de um céu
adorno de constelações.

Como tem ossos de cobre
a rua luminosa!

Como ela guia nossos encontros
e como ser feliz é pouco
sabendo que tudo que conspira
nem é mistério
só pode fazer bem.

E quando as casas não tiverem leis
lembre-se da grinalda das areias
e bata palmas para o silêncio do capim-cidreira
que roubou a escuridão da vida
para fazer chá.

A sinopse da caneta vermelha
e a munição dos sonhos:
um mito para cada época
um amanhecer transparente
um coração de cada vez.

Bravos são os que desbravam o mundo
armados de futuro e ternura
que escutam com amor os caminhos da terra
mãe dos desejos esquecidos
das coisas simples
e das receitas de influenciar o mundo.

A chuva canta
e tudo que muda: floresce.

Silêncio.

Dorme na casa nova.
Dorme.

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