Instantâneos sobre a solidão

A solidão é um espaço virgem
entre dois pensamentos.

*

Nunca sustentará o osso
o peso que a alma ocupa.

*
 
Pensar a solidão é desobedecer a intuição:
entender que até o Universo tem seu cinismo.

*
 
Imaginar a solidão da noite é desfalcar a realidade:
toda palavra toca o sentido da esperança.

*

Olhar para  frente é rir-se às novidades da vida.
Olhar para trás é ver  solidão e  recomeço de tudo. (Sempre.)

*

A solidão é o eterno brilho que vive.
Viver é ir além de desejos instantâneos.

Megan

Megan: Entre latidos e lambidas o templo da vida

A professora da vida, consciente dos caninos gastos, decidiu ensinar algumas lições aos que ficam.
Entre dilemas e interrogações, Pipoca e Dentinho eram puro encanto aos sábios conselhos de Megan.
Após alguns instantes, Dentinho rompeu o clima meditativo: 
- Sábia e veneranda Mestra, o que suas lições nos ensinam sobre latir e latir atrás de um carro ou uma moto e ele simplesmente parar? Confesso-lhe não saber o que fazer quando isso acontece? Desde cedo, meus antepassados me ensinaram a latir e rosnar os dentes, afastando carros e pessoas. Nunca compreendi o que fazer quando me fizerem um afago ou lançarem um biscoito...
Após meditar, Megan aponta ao horizonte e diz:
-Se a história é viva, mas perpetuou mentiras, o que fazer com aqueles que vivem por elas?





Mais um microconto da série: A VIDA EM 4 PASSOS-PATAS.
É uma singela homenagem aos cãezinhos da Luah e aos meus que trazem tamanha alegria para nossas vidas!

Vasto

Arthur Bispo do Rosário.

Com um laço de onda,

alvorada amiga

presenteei meu amparo

ao céu da mão que sorria.

Nadava ao encontro do Bote

o rio que secava a sede

mergulhava a língua ao Norte

no tempo  que é invenção doente.

A origem. Me preocupava a origem

do susto que é parecer vivo

enquanto calou-se a alma: vertigem!

Dor e saber. Onde mora em mim o incompreendido?

  

 Ó branco, testura da alma

reflexo das cores unidas

viveu por moldura da calma

o que é o reflexo da experiência vivida?

             ( depois)  

A mão. O que fez ao sossego?

O rio. O que fez saciado?

O tempo.  Por que marca depois de passado?

A humanidade sozinha ou o mundo a dois?

A morte é a mãe do mundo

arquétipo do crescimento
viver e mergulhar fundo
a cada olhar encantamento.

Poema feito a partir de um sonho com o artista Arthur Bispo do Rosário.  Entre algumas conversas que eu não consegui lembrar, diversas imagens da obra do artista apareceram no sonho, seguidas da palavra VASTO.