quinta-feira, 18 de outubro de 2012

12:15

Deitei meu corpo em brasas
na esquina de um solo fértil
onde as pessoas pisam
e colhem ilusões.

Renasci às cinzas 
do crepúsculo dos homens. 
Junto comigo
também nasceu uma rosa
com aspiração para perder seu perfume
seus espinhos
para ser ela
rosa
vermelha rosa
apenas rosa
rosa feita.

No meu caso
o calor debulhou-me a alma
deixando farpas incômodas
como o farelo do pão
na roupa do trabalho.

A vida é alvo. 

Quando nasci
nunca quis saber o que era Vida, Amor ou paixões
mas Deus
ao forçar-me da placenta
com o cordão umbilical preso ao pescoço
riu deste que invocará o nome do Pai
justamente
porque agora nascido
sabe o que é Amor, paixões e Vida.

A transformação é divina
porque o amanhacer é humano. 

Lentamente


o homem de barro
que pode voar ou ter gravatas
nunca mais será homem-barro.
Viveu e rastejou pelo chão
e voltará pelo chão
mesmo que a volta
seja pelo chão do céu
na dureza das nuvens
que de algodão
só tem os segredos.

É noite.

Os segredos agora dormem
em consolo da dor.
A dor é recompensa do mercantil
que saiu à compra da vida. 

Na calçada, 
irmã das lamentações

viu a rosa
(agora rosa inteira)
e aprendeu com ela:
" na falta de um amor, amar basta".

É tarde.

A esperança fez-se o céu dos poetas.
Nas metrópoles 
todos contemplam
tiram do bolso máquinas e celulares
fotografam
contemplam sem fôlego e sem vida 
mas só os astros alcançam o céu
ou nem eles.
Agora o homem apagou a luz
o céu secou.

É poeta.

Agora
só o poeta vê estrelas e quintal
o homem e a rosa.

2 comentários:

  1. Linda poesia essa que o poeta faz ver.

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  2. Obrigado Lian!
    Em um mundo como o nosso, o mister do poeta seria amplificar a beleza do mundo. (?)

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