quarta-feira, 25 de abril de 2012

Foto: Dominique Marcon


As pegadas da sombra anunciam a Era do Sol.

Agitos.
Atabaques e o corpo em cena
é o Princípio da Luz
a matéria-prima da alma
suporte espiritual
defumando o peito rasgado
suor- esforço do renascimento
em vapor amarelo.

Neste corolário
descubro a sentença da misericórdia:
quanto maior a penumbra
mais próximo o endereço de Deus.

Abóboda florida de anjos celestiais
desintegra o corpo-chumbo
de reinações terrenas
folião desesperado
que se esvai a cada espetáculo.

Efêmero como o aviso da flor de cerejeira
e a severidade dos letreiros eletrônicos
A porta estreita não me cabe mais.
Nuclear é a acidez da devastação
e sua filha dileta: a raiva.
E eu, artificial demais
no jejum de compaixões
em passos longos que mal cabem uma ansiedade
contrariei a lógica da minha ascensão
firmando compromisso com o magnetismo natural da inércia
devastando e destruindo em nome de tudo que aprisiona.

A interrupção da sua euforia
doentia
é a lima que consome a ferrugem
e tudo que virou excesso
decompõe-se no Mar.
na Terra
no Coração.

Nenhum comentário:

Postar um comentário